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Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu:
luta pela autonomia e valorização dos modos de vida entre os babaçuais
Há quase 30 anos, movimento liderado por trabalhadoras rurais extrativistas lutam pelo reconhecimento identitário, político, da igualdade de gênero, do acesso ao território e babaçuais livres.
O Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) é uma organização sem fins lucrativos, iniciado há quase 30 anos em um processo de aglutinação de iniciativas de resistência à devastação dos babaçuais. Liderado por trabalhadoras rurais extrativistas, o MIQCB é o maior movimento de mulheres da América Latina, envolvendo quebradeiras de quatro estados brasileiros – Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins –, que lutam pelo reconhecimento identitário e político, da igualdade de gênero, acesso ao território e babaçuais livres.
São múltiplas as ameaças que têm feito, ao longo dos anos, comunidades tradicionais, como a das quebradeiras de coco babaçu, vivenciarem conflitos fundiários em todo o Brasil. Portanto, o MIQCB tem como objetivo articular as quebradeiras na luta pela conservação e democratização do acesso aos recursos naturais, a fim de quebrar a hegemonia de empresários e latifundiários que aumentam a destruição e a ocupação ilegal de grandes áreas públicas ou devolutas, causa da concentração de terras e da privatização dos recursos, inclusive do babaçu – a “palmeira mãe” das quebradeiras.
O MIQCB também busca valorizar os produtos e subprodutos de toda a cadeia produtiva da palmeira do babaçu, a fim de evitar atravessadores indesejáveis e constituir uma linha de produtos e uma marca do movimento. Assim, com o amadurecimento de suas atividades, foi também constituída a Cooperativa Interestadual das Quebradeiras de Coco de Babaçu (CIMQCB).
Guardiãs dos babaçuais em uma relação que conecta meio ambiente, ciclos e gerações, elas também se articulam em ações e reflexões sobre as relações de gênero, na busca de eliminar os abusos e violências contra a mulher. Assim, o MIQCB busca cada vez mais o protagonismo feminino, colocando as mulheres como agentes políticas, pedagógicas e econômicas, a fim de alcançar grandes conquistas na defesa das florestas de babaçu, como a Lei do Babaçu Livre – nas três esferas governamentais – bem como garantir territórios tradicionais por meio de reservas extrativistas criadas e implementadas e territórios quilombolas demarcados, contribuindo assim para a regularização fundiária da sua área de abrangência.